Epígrafe
De palavras não sei. Apenas tento
desvendar o seu lento movimento
quando passam ao longo do que invento
como pre-feitos blocos de cimento.
De palavras não sei. Apenas quero
retomar-lhes o peso a consistência
e com elas erguer a fogo e ferro
um palácio de força e resistência.
De palavras não sei. Por isso canto
em cada uma apenas outro tanto
do que sinto por dentro quando as digo.
Palavra que me lavra. Alfaia escrava.
De mim próprio matéria bruta e brava
expressão da multidão que está comigo.
José Carlos Ary dos Santos
3 comentários:
poeta castrado, NÃO!
linda homenagem ao homem, ao poeta sempre vivo!
beijinhos
Faço minhas as palavras da Gaivota Amiga e deixo 2 beijinhos.-
A palavra escrita, ensinou-me a escutar a voz
humana, assim como as grandes atitudes imóveis das
estátuas, me ensinaram a apreciar os gestos.
Marguerite Yourcenar
MV
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