domingo, julho 05, 2009

Ergo uma rosa


Ergo uma rosa, e tudo se ilumina
Como a lua não faz nem o sol pode:
Cobra de luz ardente e enroscada
Ou ventos de cabelos que sacode.
Ergo uma rosa, e grito a quantas aves
O céu pontua de ninhos e de cantos,
Bato no chão a ordem que decide
A união dos demos e dos santos.
Ergo uma rosa, um corpo e um destino
Contra o frio da noite que se atreve,
E da seiva da rosa e do meu sangue
Construo perenidade em vida breve.
Ergo uma rosa, e deixo, e abandono
Quanto me doi de mágoas e assombros.
Ergo uma rosa, sim, e ouço a vida
Neste cantar das aves nos meus ombros.

José Saramago
LANZAROTE - Una Rosa


5 comentários:

João Ramos Franco disse...

E nada mais há do que Erguer uma rosa...
João Ramos Franco

Maria Gotte disse...

Muito lindo! Adorei a fotografia!
Um beijinho,
São

Higino disse...

Tb gostei.-
Jinhos (2).-

Isabel X disse...

Estou a ver que o comentário do João Ramos Franco, sem que ele tivesse essa intenção, claro, foi profético!
Então, Guidó, que preguiça é esta?
- Isabel X -

Anônimo disse...

Aprendi muito