"Nada tão intenso como o tempo
no interior do corpo.
Porque ele passa
como um rumor nas pedras que nos cobrem
e pelo sonoro desalinho de algumas árvores
que são os nossos cabelos imaginários.
Até na íris dos olhos o tempo
faz estalar faíscas de luz breve.
(...)
A pele escorre pelo corpo, com o seu corpo de água
e as lágrimas da angústia
são estridentes quando buscam eco,
mas não sentimos dentro do coração que somos
filhos dilectos do tempo e que, se hoje amamos,
foi depois de termos amado ontem.
O tempo é silencioso e enigmático,
imerso no denso calor do ventre.
Guardado no silêncio mais espesso,
o tempo faz e desfaz a vida."
Fiama Hasse Pais Brandão
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