terça-feira, junho 24, 2008

"Câmara Escura"





"Devagar,
Hora a hora,
Dia a dia,
Como se o tempo fosse um banho de acidez,
Vou vendo com mais funda nitidez
O negativo da fotografia.
E o que eu sou por detrás do que pareço!
Que seguida traição desde o começo,
Em cada gesto,
Em cada grito,
Em cada verso!
Sincero sempre, mas obstinado
Numa sinceridade
Que vende ao mesmo preço
O direito e o avesso
Da verdade."
Miguel Torga

Um comentário:

Anônimo disse...

É nesta alquimia salina que tudo se procura e tudo se revela.
E, num repente, do negro resplandece uma luz que ilumina os campos e as searas deste tórrido Alentejo.
Beijinhos do António