BOM 2009 para todos
Freddie Hubbard - I Remember Clifford
(Taraio, óleo s/tela, 2008, Clifford Brown da exposição "Jazz Attitudes" na Audiomanias, Caldas da Rainha)
Divagando por aí.... Pescar palavras, ideias, imagens com sentido, sem sentido, mas sempre, sempre com os sentidos à flor da pele. Às fotografias e textos que vou fazendo, igualmente junto coisas que gosto. De amigos, ou de pessoas que admiro. Por aqui viverá a textura da minha pele. Por aqui escorrerá a minha vida.
quarta-feira, dezembro 31, 2008
sexta-feira, dezembro 26, 2008
"MESA INTENSA DOS ENCONTROS"
"O Natal vem da infância do tempo, é uma criança
com coração de estrela prometida e um desejo
mais ardente, embalado no berço das promessas.
O Natal chega alado na bruma de Dezembro,
uma asa de temperança outra de esperança
e um frémito branco a lastrar no sorriso.
Chega com seus passos transidos de frio
e traz na mão a calentura dos afectos
e entra pela porta calada da meia-noite
que é uma chaminé de demoras abissais.
O Natal chega e senta-se à mesa intensa dos encontros.
Tem o aroma das filhós e das azevias,
um leve travo a lenha consumida
e conta histórias antigas de avós meninos
e tem nome de pai e ternura de mãe
e ar de brincadeira de irmão mais novo
e palavras de amigo que se guardam para sempre.
É menos feliz, visto de tão perto, o Natal,
uma pequena lágrima rola-lhe ao canto do olho,
com o brilho de uma dor e a cor que escurece as fomes.
Um pianíssimo coro de vozes mínimas entra,
como um arrepio, por nós adentro e ninguém,
ninguém se atreve a ignorar os meninos agachados na sombra.
O Natal chega. Aconchega. Convida.
Dura apenas o tempo de uma vela
ou a eternidade imponderável de uma memória!"
Paulo Ferreira Borges
com coração de estrela prometida e um desejo
mais ardente, embalado no berço das promessas.
O Natal chega alado na bruma de Dezembro,
uma asa de temperança outra de esperança
e um frémito branco a lastrar no sorriso.
Chega com seus passos transidos de frio
e traz na mão a calentura dos afectos
e entra pela porta calada da meia-noite
que é uma chaminé de demoras abissais.
O Natal chega e senta-se à mesa intensa dos encontros.
Tem o aroma das filhós e das azevias,
um leve travo a lenha consumida
e conta histórias antigas de avós meninos
e tem nome de pai e ternura de mãe
e ar de brincadeira de irmão mais novo
e palavras de amigo que se guardam para sempre.
É menos feliz, visto de tão perto, o Natal,
uma pequena lágrima rola-lhe ao canto do olho,
com o brilho de uma dor e a cor que escurece as fomes.
Um pianíssimo coro de vozes mínimas entra,
como um arrepio, por nós adentro e ninguém,
ninguém se atreve a ignorar os meninos agachados na sombra.
O Natal chega. Aconchega. Convida.
Dura apenas o tempo de uma vela
ou a eternidade imponderável de uma memória!"
Paulo Ferreira Borges
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sexta-feira, dezembro 19, 2008
Poema de Natal
Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados,
Para chorar e fazer chorar,
Para enterrar os nossos mortos -
Por isso temos braços longos para os adeuses,
Mãos para colher o que foi dado,
Dedos para cavar a terra.
Assim será a nossa vida;
Uma tarde sempre a esquecer,
Uma estrela a se apagar na treva,
Um caminho entre dois túmulos
-Por isso precisamos velar,
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito que dizer:
Uma canção sôbre um berço,
Um verso, talvez, de amor,
Uma prece por quem se vai
-Mas que essa hora não esqueça
E que por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre,
Para a participação da poesia,
Para ver a face da morte
-De repente, nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte apenas
Nascemos, imensamente.
Vinícios de Moraes
Para lembrar e ser lembrados,
Para chorar e fazer chorar,
Para enterrar os nossos mortos -
Por isso temos braços longos para os adeuses,
Mãos para colher o que foi dado,
Dedos para cavar a terra.
Assim será a nossa vida;
Uma tarde sempre a esquecer,
Uma estrela a se apagar na treva,
Um caminho entre dois túmulos
-Por isso precisamos velar,
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito que dizer:
Uma canção sôbre um berço,
Um verso, talvez, de amor,
Uma prece por quem se vai
-Mas que essa hora não esqueça
E que por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre,
Para a participação da poesia,
Para ver a face da morte
-De repente, nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte apenas
Nascemos, imensamente.
Vinícios de Moraes
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quinta-feira, dezembro 18, 2008
quarta-feira, dezembro 10, 2008
terça-feira, dezembro 09, 2008
paleta de cores do Taraio
Maria Helena Vieira da Silva fez publicar na imprensa diária este Testamento depois da sua morte. Este legado aos seus amigos, será um legado para todos nós.
Traduzi-o com a ajuda da Marine Viera Lino, pela língua mãe, e com a Fátima Lino, Maria da Luz Xavier e Taraio, para a tradução exacta das cores. Deu-nos um enorme prazer. Quando o encontrar coloco-o aqui. Até lá fiquem-se com a beleza deste poema.
Traduzi-o com a ajuda da Marine Viera Lino, pela língua mãe, e com a Fátima Lino, Maria da Luz Xavier e Taraio, para a tradução exacta das cores. Deu-nos um enorme prazer. Quando o encontrar coloco-o aqui. Até lá fiquem-se com a beleza deste poema.
TESTAMENT
Je lègue à mes amis
un bleu céruléum pour voler hautun
bleu de cobalt pour le bonheur
un bleu d' outremer pour stimuler l' esprit
un vermillon pour faire circuler le sang allègrement
un vert mousse pour apaiser les nerfs
un jaune d'or: richesseun violet de cobalt pour la rêverie
une garance qui fait entendre le violoncelle
un jaune barite: science-fiction, brillance, éclat
un ocre jaune pour accepter la terre
un vert Véronèse pour la mémoire du printemps
un indigo pour pouvoir accorder l' esprit à l'orage
un orange pour exercer la vue d' un citronnier au loin
un jaune citron pour la grâceun blanc pur: pureté
terre de Sienne naturelle: la transmutation de l'or
un noir somptueux pour voir Titien
une terre d' ombre naturelle pour mieux accepter la mélancolie noire
une terre de Sienne brúlée pour le sentiment de durée.
Maria Helena Vieira da Silva
segunda-feira, dezembro 08, 2008
quarta-feira, dezembro 03, 2008
As palavras estão molhadas (ao Taraio)
quarta-feira, novembro 19, 2008
sexta-feira, novembro 14, 2008
quinta-feira, novembro 13, 2008
quarta-feira, novembro 12, 2008
"Quand on a que l'amour"
Jacque Brel et Maurice Béjart
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terça-feira, novembro 11, 2008
Dia de S. Martinho - "O Homem das Castanhas"
O Homem das Castanhas
Na Praça da Figueira,
ou no Jardim da Estrela,
num fogareiro aceso é que ele arde.
Ao canto do Outono,
à esquina do Inverno,
o homem das castanhas é eterno.
Não tem eira nem beira, nem guarida,
e apregoa como um desafio.
É um cartucho pardo a sua vida,
e, se não mata a fome, mata o frio.
Um carro que se empurra,
um chapéu esburacado,
no peito uma castanha que não arde.
Tem a chuva nos olhos e tem o ar cansado
o homem que apregoa ao fim da tarde.
Ao pé dum candeeiro acaba o dia,
voz rouca com o travo da pobreza.
Apregoa pedaços de alegria,
e à noite vai dormir com a tristeza.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
A estalarem cinzentas, na brasa.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
Quem compra leva mais calor p'ra casa.
A mágoa que transporta a miséria ambulante,
passeia na cidade o dia inteiro.
É como se empurrasse o Outono diante;
é como se empurrasse o nevoeiro.
Quem sabe a desventura do seu fado?
Quem olha para o homem das castanhas?
Nunca ninguém pensou que ali ao lado
ardem no fogareiro dores tamanhas.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
A estalarem cinzentas, na brasa.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
Quem compra leva mais amor p'ra casa.
Ary dos Santos
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segunda-feira, novembro 10, 2008
"Não sei com dizer-te.."
"Não sei como dizer-te que minha voz te procura e a atenção começa a florir, quando sucede a noite esplêndida e vasta. Não sei o que dizer, quando longamente teus
pulsos se enchem de um brilho precioso e estremeces como um pensamento chegado. Quando, iniciado o campo, o centeio imaturo ondula tocado pelo pressentir de
um tempo distante, e na terra crescida os homens entoam a vindima - eu não sei como dizer-te que cem ideias, dentro de mim te procuram.
Quando as folhas da melancolia arrefecem com astros
ao lado do espaço
e o coração é uma semente inventada
em seu escuro fundo e em seu turbilhão de um dia,
tu arrebatas os caminhos da minha solidão
como se toda a casa ardesse pousada na noite.
- E então não sei o que dizer
junto à taça de pedra do teu tão jovem silêncio.
Quando as crianças acordam nas luas espantadas
que às vezes se despenham no meio do tempo
- não sei como dizer-te que a pureza,
dentro de mim, te procura.
Durante
a primavera inteira aprendo
os trevos, a água sobrenatural, o leve e abstracto
correr do espaço –
e penso que vou dizer algo cheio de razão,
mas quando a sombra cai da curva sôfrega dos meus lábios,
sinto que me faltam um girassol, uma pedra, uma ave – qualquer
coisa extraordinária.
Porque não sei como dizer-te sem milgares
que dentro de mim é o sol, o fruto,
a criança, a água, o deus, o leite, a mãe,
que te procuram.
Herberto Helder
pulsos se enchem de um brilho precioso e estremeces como um pensamento chegado. Quando, iniciado o campo, o centeio imaturo ondula tocado pelo pressentir de
um tempo distante, e na terra crescida os homens entoam a vindima - eu não sei como dizer-te que cem ideias, dentro de mim te procuram.
Quando as folhas da melancolia arrefecem com astros
ao lado do espaço
e o coração é uma semente inventada
em seu escuro fundo e em seu turbilhão de um dia,
tu arrebatas os caminhos da minha solidão
como se toda a casa ardesse pousada na noite.
- E então não sei o que dizer
junto à taça de pedra do teu tão jovem silêncio.
Quando as crianças acordam nas luas espantadas
que às vezes se despenham no meio do tempo
- não sei como dizer-te que a pureza,
dentro de mim, te procura.
Durante
a primavera inteira aprendo
os trevos, a água sobrenatural, o leve e abstracto
correr do espaço –
e penso que vou dizer algo cheio de razão,
mas quando a sombra cai da curva sôfrega dos meus lábios,
sinto que me faltam um girassol, uma pedra, uma ave – qualquer
coisa extraordinária.
Porque não sei como dizer-te sem milgares
que dentro de mim é o sol, o fruto,
a criança, a água, o deus, o leite, a mãe,
que te procuram.
Herberto Helder
quinta-feira, novembro 06, 2008
quarta-feira, novembro 05, 2008
Fios azúis de trombone dourado
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terça-feira, novembro 04, 2008
A Importância da Arte
Gustav Courbet (1828-1885)
Seacoast
"A arte é, provavelmente, uma experiência inútil; como a «paixão inútil» em que cristaliza o homem. Mas inútil apenas como tragédia de que a humanidade beneficie; porque a arte é a menos trágica das ocupações, porque isso não envolve uma moral objectiva. Mas se todos os artistas da terra parassem durante umas horas, deixassem de produzir uma ideia, um quadro, uma nota de música, fazia-se um deserto extraordinário. Acreditem que os teares paravam, também, e as fábricas; as gares ficavam estranhamente vazias, as mulheres emudeciam. A arte é, no entanto, uma coisa explosiva. Houve, e há decerto em qualquer lugar da terra, pessoas que se dedicam à experiência inútil que é a arte, pessoas como Virgílio, por exemplo, e que sabem que o seu silêncio pode ser mortal. Se os poetas se calassem subitamente e só ficasse no ar o ruído dos motores, porque até o vento se calava no fundo dos vales, penso que até as guerras se iam extinguindo, sem derrota e sem vitória, com a mansidão das coisas estéreis. O laço da ficção, que gera a expectativa, é mais forte do que todas as realidades acumuláveis. Se ele se quebra, o equilíbrio entre os seres sofre grave prejuízo."
Seacoast
"A arte é, provavelmente, uma experiência inútil; como a «paixão inútil» em que cristaliza o homem. Mas inútil apenas como tragédia de que a humanidade beneficie; porque a arte é a menos trágica das ocupações, porque isso não envolve uma moral objectiva. Mas se todos os artistas da terra parassem durante umas horas, deixassem de produzir uma ideia, um quadro, uma nota de música, fazia-se um deserto extraordinário. Acreditem que os teares paravam, também, e as fábricas; as gares ficavam estranhamente vazias, as mulheres emudeciam. A arte é, no entanto, uma coisa explosiva. Houve, e há decerto em qualquer lugar da terra, pessoas que se dedicam à experiência inútil que é a arte, pessoas como Virgílio, por exemplo, e que sabem que o seu silêncio pode ser mortal. Se os poetas se calassem subitamente e só ficasse no ar o ruído dos motores, porque até o vento se calava no fundo dos vales, penso que até as guerras se iam extinguindo, sem derrota e sem vitória, com a mansidão das coisas estéreis. O laço da ficção, que gera a expectativa, é mais forte do que todas as realidades acumuláveis. Se ele se quebra, o equilíbrio entre os seres sofre grave prejuízo."
Agustina Bessa-Luís, in Dicionário Imperfeito
The Music Teacher - Ich Bin Der Welt Abhanden Gekommen
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quinta-feira, outubro 30, 2008
Música Pintada Vassily Kandisky
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terça-feira, outubro 28, 2008
CHROMA de Eduardo Constantino
Se ainda não foram, não deixem de ir à Galeria Ogiva em Óbidos (até 2 de Novembro)
(...)
"Se a natureza é matéria, a reconstrução a que o ceramista procede, tirando partido do que podemos antecipar para melhor preparar a explosão da metamorfose, é um exercício idêntico ao da poética. Estamos perante o que os gregos , para distingui a mera reprodução do real da narração criativa chamaram transfiguração. A transfiguração torna possível um novo mundo. Este é talvez o conceito que melhor identifica a obra de Eduardo Constantino"
João B. Serra in Eduardo Constantino CHROMA, catálogo da exposição, Galeria Ogiva, Out./Nov. 2008
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João Serra
quinta-feira, outubro 23, 2008
"Retrato quase apagado em que se pode ver perfeitamente nada"
"Não tenho bens de acontecimentos.
O que não sei fazer desconto nas palavras.
Entesouro frases.
Por exemplo:- Imagens são palavras que nos faltaram.-
Poesia é a ocupação da palavra pela Imagem.-
Poesia é a ocupação da Imagem pelo Ser.
Ai frases de pensar!
Pensar é uma pedreira.
Estou sendo.
Me acho em petição de lata (frase encontrada no lixo)
Concluindo:
há pessoas que se compõem de actos, ruídos, retratos.
Outras de palavras.
Poetas e tontos se compõem com palavras."
Manoel de Barros
"O Guardador de Águas"
O que não sei fazer desconto nas palavras.
Entesouro frases.
Por exemplo:- Imagens são palavras que nos faltaram.-
Poesia é a ocupação da palavra pela Imagem.-
Poesia é a ocupação da Imagem pelo Ser.
Ai frases de pensar!
Pensar é uma pedreira.
Estou sendo.
Me acho em petição de lata (frase encontrada no lixo)
Concluindo:
há pessoas que se compõem de actos, ruídos, retratos.
Outras de palavras.
Poetas e tontos se compõem com palavras."
Manoel de Barros
"O Guardador de Águas"
quarta-feira, outubro 22, 2008
Candido Portinari (1903-1962)
Clarinetista,1961
Pintura a têmpera/tela 195 x 129 cm
Colecção particular, Belo Horizonte
Músico c.1959
Aquarela do Brasil, Ari Barroso
Pintura a têmpera/tela 195 x 129 cm
Colecção particular, Belo Horizonte
Músico c.1959
Pintura a óleo/cartão 24.5 x 13.8 cm
Colecção particular, Rio de Janeiro
Aquarela do Brasil, Ari Barroso
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Portinari
quarta-feira, outubro 15, 2008
Música Pintada, Henri Matisse (1869-1954)
A Música
1939
óleo s/ canvas (115.2 x 115.2 cm)
Albright-Knox Art Gallery, Buffalo, NY
O Alaúde
Fevereiro 1943
Óleo s/ canvas (59.4 x 79.5 cm)
Colecção privada
A Lição de Música
1939
óleo s/ canvas (115.2 x 115.2 cm)
Albright-Knox Art Gallery, Buffalo, NY
O Alaúde
Fevereiro 1943
Óleo s/ canvas (59.4 x 79.5 cm)
Colecção privada
A Lição de Música
1917
Óleos s/ canvas(244.7 x 200.7 cm)
Barnes Foundation, Merion, PA
STING & EDIN KARAMAZOV - ST LUKES CONCERETTE PART 2
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